segunda-feira, 21 de junho de 2010
Durante debate em uma universidade, nos Estados Unidos,o ex-governador do DF,ex-ministro da educação e atual senador CRISTÓVAM BUARQUE,foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia. O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um brasileiro.
Esta foi a resposta do Sr.Cristóvão Buarque:
"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é Nosso.
Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço. "Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto ao desemprego provocado pelas decisões arbitrarias dos especuladores globais.
Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação. Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural Amazônico, seja manipulado e instruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.
"Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA.
Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada.
Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris,Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo,deveria
pertencer ao mundo inteiro.
"Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maiores do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
"Defendo a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola.
Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. "Só nossa!.
A Semente da Verdade
A Semente da Verdade
Conto Folclórico Oriental
O imperador precisava achar um sucessor. Sem filhos, nem parentes próximos, ele decidiu chamar todas as crianças do reino.
No dia marcado, dirigiu-se até o palácio, onde havia milhares de pequenos súditos. O imperador disse:
- Crianças, preciso escolher o meu sucessor entre vocês. Vou lhes dar uma tarefa. Aqui estão algumas sementes e quero que vocês as cultivem. O trono será daquele que me trouxer, daqui a um ano, a planta mais bonita.
O dia chegou e o Imperador chamou todas as crianças envolvidas.
Olhava as crianças e examinava os vasos, cada um mais bonito que o outro. Flores lindas e todas as cores.
Próximo ao final daquela multidão de garotos o Imperador observou um menino, cabisbaixo com alguma lágrimas nos olhos segurando um vaso vazio.
- Vejamos, meu jovem, o que tem aí para mim. Disse o Imperador agachando-se.
O garoto não pode mais evitar as lágrimas. Com a cabeça baixa, mostrou o vaso ao imperador e disse:
- Senhor, por mais que eu tenha me esforçado, a semente não brotou. Só tenho a pedir-lhe perdão.
O Imperador olhou aquele garoto nos olhos, levantou e olhando para multidão disse com um brilho no olhar:
- Eis o meu sucessor!
Todas as crianças o olharam assustadas.
Um servo do Imperador indagou: - Mas... por que isso senhor?
Ele colocou a mão no ombro do seu servo e com um ar de orgulho o respondeu:
- Todas as sementes que distribui estavam secas e mortas...
MORAL: “Algumas vezes a verdade não é tão bonita quanto uma flor, mas precisamos encará-la com coragem, para vencer os grandes desafios.”
Conto Folclórico Oriental
O imperador precisava achar um sucessor. Sem filhos, nem parentes próximos, ele decidiu chamar todas as crianças do reino.
No dia marcado, dirigiu-se até o palácio, onde havia milhares de pequenos súditos. O imperador disse:
- Crianças, preciso escolher o meu sucessor entre vocês. Vou lhes dar uma tarefa. Aqui estão algumas sementes e quero que vocês as cultivem. O trono será daquele que me trouxer, daqui a um ano, a planta mais bonita.
O dia chegou e o Imperador chamou todas as crianças envolvidas.
Olhava as crianças e examinava os vasos, cada um mais bonito que o outro. Flores lindas e todas as cores.
Próximo ao final daquela multidão de garotos o Imperador observou um menino, cabisbaixo com alguma lágrimas nos olhos segurando um vaso vazio.
- Vejamos, meu jovem, o que tem aí para mim. Disse o Imperador agachando-se.
O garoto não pode mais evitar as lágrimas. Com a cabeça baixa, mostrou o vaso ao imperador e disse:
- Senhor, por mais que eu tenha me esforçado, a semente não brotou. Só tenho a pedir-lhe perdão.
O Imperador olhou aquele garoto nos olhos, levantou e olhando para multidão disse com um brilho no olhar:
- Eis o meu sucessor!
Todas as crianças o olharam assustadas.
Um servo do Imperador indagou: - Mas... por que isso senhor?
Ele colocou a mão no ombro do seu servo e com um ar de orgulho o respondeu:
- Todas as sementes que distribui estavam secas e mortas...
MORAL: “Algumas vezes a verdade não é tão bonita quanto uma flor, mas precisamos encará-la com coragem, para vencer os grandes desafios.”
domingo, 20 de junho de 2010
A S V I R T U D E S
1. INTRODUÇÃO
Ao procurar compreender a virtude não são fáceis as perguntas que a razão humana se defronta: existe realmente a virtude? Em que consiste? Como pode o homem fragmentário em seus atos parciais, encontrar a unidade, o todo? A virtude liberta ou robotiza? O que significa dizer que aquela pessoa é uma “boa pessoa”? Tomemos essas questões como ponto de partida para o desenvolvimento de nossa peça oratória.
2. CONCEITO
Virtude é uma disposição estável em ordem a praticar o bem; revela mais do que uma simples potencialidade ou uma aptidão para uma determinada ação boa: trata-se de uma verdadeira inclinação.
Para o Espírito Emmanuel a virtude é sempre sublime e imorredoura aquisição do Espírito nas estradas da vida, incorporada eternamente aos seus valores, conquistados pelo trabalho no esforço próprio. (Pergunta 253 de O Consolador)
Virtudes são todos os hábitos constantes que levam o homem para o bem, quer como indivíduo, quer como espécie, quer pessoalmente, quer coletivamente.
3. HISTÓRICO
Sócrates (470-399 a. C.) - O estudo da virtude se inicia com Sócrates, para quem a virtude é o fim da atividade humana e se identifica com o bem que convém à natureza humana. Na sua conceituação, comete dois erros: 1) confunde a ordem moral com a ordem do conhecimento; 2) exagerado otimismo.
Platão (429-347 a. C.) - Desenvolve a doutrina de Sócrates. Apresenta a virtude como meio para atingir a bem-aventurança. Descreve as 4 virtudes cardeais: a sabedoria, a fortaleza, a temperança e a justiça.
Aristóteles (384-322 a. C.) - Ao conceito já esboçado como hábito, isto é, de qualidade ou disposição permanente do ânimo para o bem, Aristóteles acrescenta a análise de sua formação e de seus elementos. As virtudes não são hábitos do intelecto como queriam Sócrates e Platão, mas da vontade. Para Aristóteles não existem virtudes inatas, mas todas se adquirem pela repetição dos atos, que gera o costume (mos), donde o nome virtude moral. Os atos, para gerarem as virtudes, não devem desviar-se nem por defeito, nem por excesso, pois a virtude consiste na justa medida, longe dos dois extremos.
Cristianismo - A influência da Sagrada Escritura fez com que se acrescentasse às virtudes cardeais, as virtudes teologais. Santo Agostinho diz que "a virtude é uma boa qualidade da mente, por meio da qual vivemos retamente". Santo Tomás de Aquino diz que "a virtude é um hábito do bem, ao contrário do hábito para o mal ou o vício".
Kant (1724-1804) - Entre os filósofos não cristãos dos tempos modernos requer especial atenção o sistema kantiano. Kant, em certo sentido, volta às doutrinas estóicas, enquanto procura formular uma ética que seja fim de si mesma, sem leis heterônomas, nem sanções. Mas a Crítica da Razão Prática, que cria a nova moral, não fala de virtude, mas só de moralidade: esta consiste essencialmente no cumprimento do dever, ou seja, dos imperativos categóricos que a razão autônoma dita. Embora por outros caminhos, caiu no mesmo erro dos antigos estóicos, dando-nos uma ética vazia, que se destrói a si mesma, negando todo legislador, toda sanção, todo o fim ulterior de nossas ações.
Aspecto Prático da Virtude - Além do aspecto teórico da sua conceituação, estritamente conexo com o sistema filosófico no qual se enquadra a Ética, apresenta um aspecto prático de vivo e permanente interesse: como formar e desenvolver a virtude. É o campo da Psicologia Educacional e da Pedagogia. No educador exige antes de tudo o bom exemplo, tão necessário, especialmente no trato com as crianças, incapazes de longos raciocínios e vivamente levadas à imitação. (Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo)
4. VIRTUDE EM ARISTÓTELES
4.1. O TEXTO ARISTOTÉLICO
“A virtude é portanto uma disposição adquirida voluntária, que consiste, em relação a nós, na medida, definida pela razão em conformidade com a conduta de um homem ponderado. Ela ocupa a média entre duas extremidades lastimáveis, uma por excesso, a outra por falta. Digamos ainda o seguinte: enquanto, nas paixões e nas ações, o erro consiste ora em manter-se aquém, ora em ir além do que é conveniente, a virtude encontra e adota uma justa medida. Por isso, embora a virtude, segundo sua essência e segundo a razão que fixa sua natureza, consista numa média, em relação ao bem e à perfeição ela se situa no ponto mais elevado”. (Ética a Nicômaco, II, 6)
4.2. TERMOS IMPORTANTES
Para entender corretamente o texto filosófico, devemos localizar os termos mais importantes, e suas noções. Assim:
Virtude (arétè) designa toda excelência própria de uma coisa, em todas as ordens de realidade e em todos os domínios. Aristóteles a emprega assim, embora lhe acrescente o valor moral.
Disposição (héxis) é definida como uma maneira de ser adquirida. O latim traduziu héxis por habitus. A virtude só será habitus se se retirar desse termo o caráter de disposição permanente e costumeira, mecânica, automática.
Mediedade (mésotès): este termo remete tanto ao termo médio de um silogismo quanto à média (ou ao meio termo) que caracteriza a virtude.
4.3. A VIRTUDE É MÉDIA E ÁPICE
Como, pois, entender que virtude é média e ápice?
Aristóteles parte de um conceito geral e delimita-o depois.
Diz, primeiramente, que a virtude é agir de forma deliberada; depois, fala em agir em prol do mais alto bem. Ao falar dela como héxis, enfatiza uma capacidade adquirida, constante e duradoura, o que elimina a pretensa qualidade inata. Assim, ao se comportar moralmente, o homem deve também se comportar racionalmente, ou seja, uma razão que já passou pela prova dos fatos; a mediedade, diz ele, é a que o homem prudente determinaria. E determinaria em função dos homens superiores a ele. Por isso é oportuno aconselhá-los a imitarem os melhores.
4.4. A VIRTUDE NÃO É MÉDIA, ELA É A MÉDIA JUSTA
A mediedade opõe-se a dois vícios simétricos: o excesso e a falta.
Quais são essas práticas que não são virtudes? Os vícios.
Explicação: a natureza moral jamais é natural, e sim o resultado de uma maneira de ser adquirida – para mais ou para menos –, o que representa sempre um excesso. Por exemplo, a coragem é virtude delimitada por essa falta que é a covardia e esse excesso que é a temeridade. A virtude revela-se portanto como um meio termo.
A virtude não é assim uma média aritmética dos excessos para mais ou para menos, ela é o vértice de eminência, ou seja, é ela quem diz qual é o vício para cima ou para baixo. O óbolo da viúva, de que nos lembra o Evangelho, vem a calhar: a viúva que deu apenas uma moeda, deu mais do que o rico, pois enquanto este deu o que lhe sobrava, para ela a quantia representava uma privação. (FOLSCHEID, 2002, cap. III)
5. VIRTUDES CARDEAIS E VIRTUDES TEOLOGAIS
Desde a Antiguidade até os nossos dias, as virtudes foram classificadas em Cardeais e Teologais. As Cardeais são adquiridas pelo esforço; as Teologais como um Dom de Deus.
5.1. VIRTUDES CARDEAIS
As virtudes cardeais são aquelas virtudes essenciais na qual todas as outras decorrem. São em número de quatro: prudência, fortaleza, temperança e justiça. Funciona como uma dobradiça, pois todas as outras devem girar ao redor destas. Isto decorre da etimologia da palavra cardeal (cardo = gonzo = dobradiça).
Prudência - É aquela virtude que permite ao entendimento reflexionar sobre os meios conducentes a um fim racional.
Fortaleza ou valentia - Consiste na disposição para, em conformidade com a razão, isto é, em atenção a bens mais elevados, arrostar perigos, suportar males e não retroceder, nem mesmo ante a morte. A paciência, por exemplo, é uma virtude subordinada à fortaleza, e consiste na capacidade constante de suportar adversidades.
Temperança - Consiste em aperfeiçoar constantemente a potência sensitiva, de modo a conter o prazer sensual dentro dos limites estabelecidos pela sã razão. Assim, a moderação é a temperança no comer, a sobriedade no beber, a castidade no prazer sexual. São aparentados com a temperança: a negação ou domínio de si mesmo, isto é, a vontade de não se deixar desviar do bem, nem sequer pelas mais violentas excitações do desejo.
Justiça - Consiste ela na atribuição, na equidade, no considerar e respeitar o direito e valor que são devidos a alguém, ou a alguma coisa. (Santos, 1965)
5.2. VIRTUDES TEOLOGAIS
Na Ética religiosa a Fé, a Esperança e a Caridade são chamadas teologais, porque não são elas produtos de um hábito, pois o homem não as adquire através de seu próprio esforço.
A Fé é o assentimento do intelecto que crê, com constância e certeza, em alguma coisa. A prudência, a fortaleza, a justiça e a moderação podem ser adquiridas. Ninguém gesta dentro de si a Fé; ou a tem, ou não.
A Esperança é a expectação de algo de superior e perfeito. A Esperança não é o produto de nossa vontade, mas de uma espontaneidade, cujas raízes nos escapam, porque não é ela genuinamente uma manifestação do homem, mas algo que se manifesta pelo homem, porque não encontramos na estrutura de nossa vida biológica, nem da nossa vida intelectual, uma razão que a explique.
A Caridade é a mãe de todas as virtudes como dizem os antigos, e diziam-no com razão: é a raiz de todas as virtudes, porque ela é a bondade suprema para consigo mesmo, para com os outros, para com o Ser Infinito. A caridade, assim, supera a nossa natureza, porque, graças a ela, o homem avança além de si mesmo, além das suas exigências biológicas.
Não são o produto de uma prática, porque pode o homem praticar a caridade sem tê-la no coração; pode o homem exibir uma crença firme, sem alentá-la em seu âmago; pode o homem tentar revelar aos outros que é animado pela esperança, sem ressoar ela em sua consciência. (Santos, 1965)
6. VIRTUDES E VÍCIOS
6.1. OS VÍCIOS MAIS COMUNS
Ao longo do tempo adquirimos uma série de hábitos negativos. Alguns deles são visíveis como o fumo e o álcool; outros, nem tanto. É que costumamos disfarçá-los ao máximo, para que não se tornem muito evidentes. Nesse sentido, à gula damos o nome de necessidade proteínica; à lascívia chamamos necessidade fisiológica; a ira é embelezada com a expressão paradoxal: “cólera sagrada”; a cobiça é encoberta com a desculpa da previdência; a preguiça disfarçamos com a necessidade de repouso, quando não com a esperteza que faz os outros produzirem por nós.
6.2. VIRTUDES E VÍCIOS NA VISÃO DO ESPIRITISMO
Allan Kardec, nas perguntas 893 e 913 de O Livro dos Espíritos , esclarece-nos este assunto com muita propriedade.
893. Qual a mais meritória de todas as virtudes?
— Todas as virtudes têm seu mérito, porque todas são indícios de progresso no caminho do bem. Há virtude sempre que há resistência voluntária ao arrastamento das tendências; mas a sublimidade da virtude consiste no sacrifício do interesse pessoal para o bem do próximo, sem segunda intenção. A mais meritória é aquela que se baseia na caridade mais desinteressada.
913. Entre os vícios, qual o que podemos considerar mais radical?
Já o dissemos muitas vezes; o egoísmo. Dele deriva todo do mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos existe o egoísmo. Por mais que luteis contra eles não chegareis a extirpá-los enquanto não os atacardes pela raiz, enquanto não lhes houverdes destruído a causa. Que todos os vossos esforços tendam para esse fim, porque nele se encontra a verdadeira chaga da sociedade.
7. CONCLUSÃO
O movimentar-se diário produz hábitos. Os hábitos maus enraízam de tal sorte em nosso psiquismo que se tornam extremamente difíceis de serem eliminados. Em se tratando do esforço para extingui-lo, parece-nos que cometemos um erro que já se tornou secular, ou seja, combater a causa pelo efeito. Somente quando tomamos consciência do móvel que produz a ação é que podemos ter segurança na eliminação do efeito. Na realidade, não somos nós que deixamos os vícios; são eles que desprovidos da nossa atração, deixam-nos.
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ÁVILA, F. B. de S.J. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo. Rio de Janeiro, M.E.C., 1967.
FOLSCHEID, Dominique e WUNENBURGER, Jean-Jacques. Metodologia Filosófica. Tradução de Paulo Neves. 2. ed., São Paulo: Martins Fontes, 2002. (Ferramentas)
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995.
SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed., São Paulo, Matese, 1965.
XAVIER, F. C. O Consolador, pelo Espírito Emmanuel. 7. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.
Ao procurar compreender a virtude não são fáceis as perguntas que a razão humana se defronta: existe realmente a virtude? Em que consiste? Como pode o homem fragmentário em seus atos parciais, encontrar a unidade, o todo? A virtude liberta ou robotiza? O que significa dizer que aquela pessoa é uma “boa pessoa”? Tomemos essas questões como ponto de partida para o desenvolvimento de nossa peça oratória.
2. CONCEITO
Virtude é uma disposição estável em ordem a praticar o bem; revela mais do que uma simples potencialidade ou uma aptidão para uma determinada ação boa: trata-se de uma verdadeira inclinação.
Para o Espírito Emmanuel a virtude é sempre sublime e imorredoura aquisição do Espírito nas estradas da vida, incorporada eternamente aos seus valores, conquistados pelo trabalho no esforço próprio. (Pergunta 253 de O Consolador)
Virtudes são todos os hábitos constantes que levam o homem para o bem, quer como indivíduo, quer como espécie, quer pessoalmente, quer coletivamente.
3. HISTÓRICO
Sócrates (470-399 a. C.) - O estudo da virtude se inicia com Sócrates, para quem a virtude é o fim da atividade humana e se identifica com o bem que convém à natureza humana. Na sua conceituação, comete dois erros: 1) confunde a ordem moral com a ordem do conhecimento; 2) exagerado otimismo.
Platão (429-347 a. C.) - Desenvolve a doutrina de Sócrates. Apresenta a virtude como meio para atingir a bem-aventurança. Descreve as 4 virtudes cardeais: a sabedoria, a fortaleza, a temperança e a justiça.
Aristóteles (384-322 a. C.) - Ao conceito já esboçado como hábito, isto é, de qualidade ou disposição permanente do ânimo para o bem, Aristóteles acrescenta a análise de sua formação e de seus elementos. As virtudes não são hábitos do intelecto como queriam Sócrates e Platão, mas da vontade. Para Aristóteles não existem virtudes inatas, mas todas se adquirem pela repetição dos atos, que gera o costume (mos), donde o nome virtude moral. Os atos, para gerarem as virtudes, não devem desviar-se nem por defeito, nem por excesso, pois a virtude consiste na justa medida, longe dos dois extremos.
Cristianismo - A influência da Sagrada Escritura fez com que se acrescentasse às virtudes cardeais, as virtudes teologais. Santo Agostinho diz que "a virtude é uma boa qualidade da mente, por meio da qual vivemos retamente". Santo Tomás de Aquino diz que "a virtude é um hábito do bem, ao contrário do hábito para o mal ou o vício".
Kant (1724-1804) - Entre os filósofos não cristãos dos tempos modernos requer especial atenção o sistema kantiano. Kant, em certo sentido, volta às doutrinas estóicas, enquanto procura formular uma ética que seja fim de si mesma, sem leis heterônomas, nem sanções. Mas a Crítica da Razão Prática, que cria a nova moral, não fala de virtude, mas só de moralidade: esta consiste essencialmente no cumprimento do dever, ou seja, dos imperativos categóricos que a razão autônoma dita. Embora por outros caminhos, caiu no mesmo erro dos antigos estóicos, dando-nos uma ética vazia, que se destrói a si mesma, negando todo legislador, toda sanção, todo o fim ulterior de nossas ações.
Aspecto Prático da Virtude - Além do aspecto teórico da sua conceituação, estritamente conexo com o sistema filosófico no qual se enquadra a Ética, apresenta um aspecto prático de vivo e permanente interesse: como formar e desenvolver a virtude. É o campo da Psicologia Educacional e da Pedagogia. No educador exige antes de tudo o bom exemplo, tão necessário, especialmente no trato com as crianças, incapazes de longos raciocínios e vivamente levadas à imitação. (Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo)
4. VIRTUDE EM ARISTÓTELES
4.1. O TEXTO ARISTOTÉLICO
“A virtude é portanto uma disposição adquirida voluntária, que consiste, em relação a nós, na medida, definida pela razão em conformidade com a conduta de um homem ponderado. Ela ocupa a média entre duas extremidades lastimáveis, uma por excesso, a outra por falta. Digamos ainda o seguinte: enquanto, nas paixões e nas ações, o erro consiste ora em manter-se aquém, ora em ir além do que é conveniente, a virtude encontra e adota uma justa medida. Por isso, embora a virtude, segundo sua essência e segundo a razão que fixa sua natureza, consista numa média, em relação ao bem e à perfeição ela se situa no ponto mais elevado”. (Ética a Nicômaco, II, 6)
4.2. TERMOS IMPORTANTES
Para entender corretamente o texto filosófico, devemos localizar os termos mais importantes, e suas noções. Assim:
Virtude (arétè) designa toda excelência própria de uma coisa, em todas as ordens de realidade e em todos os domínios. Aristóteles a emprega assim, embora lhe acrescente o valor moral.
Disposição (héxis) é definida como uma maneira de ser adquirida. O latim traduziu héxis por habitus. A virtude só será habitus se se retirar desse termo o caráter de disposição permanente e costumeira, mecânica, automática.
Mediedade (mésotès): este termo remete tanto ao termo médio de um silogismo quanto à média (ou ao meio termo) que caracteriza a virtude.
4.3. A VIRTUDE É MÉDIA E ÁPICE
Como, pois, entender que virtude é média e ápice?
Aristóteles parte de um conceito geral e delimita-o depois.
Diz, primeiramente, que a virtude é agir de forma deliberada; depois, fala em agir em prol do mais alto bem. Ao falar dela como héxis, enfatiza uma capacidade adquirida, constante e duradoura, o que elimina a pretensa qualidade inata. Assim, ao se comportar moralmente, o homem deve também se comportar racionalmente, ou seja, uma razão que já passou pela prova dos fatos; a mediedade, diz ele, é a que o homem prudente determinaria. E determinaria em função dos homens superiores a ele. Por isso é oportuno aconselhá-los a imitarem os melhores.
4.4. A VIRTUDE NÃO É MÉDIA, ELA É A MÉDIA JUSTA
A mediedade opõe-se a dois vícios simétricos: o excesso e a falta.
Quais são essas práticas que não são virtudes? Os vícios.
Explicação: a natureza moral jamais é natural, e sim o resultado de uma maneira de ser adquirida – para mais ou para menos –, o que representa sempre um excesso. Por exemplo, a coragem é virtude delimitada por essa falta que é a covardia e esse excesso que é a temeridade. A virtude revela-se portanto como um meio termo.
A virtude não é assim uma média aritmética dos excessos para mais ou para menos, ela é o vértice de eminência, ou seja, é ela quem diz qual é o vício para cima ou para baixo. O óbolo da viúva, de que nos lembra o Evangelho, vem a calhar: a viúva que deu apenas uma moeda, deu mais do que o rico, pois enquanto este deu o que lhe sobrava, para ela a quantia representava uma privação. (FOLSCHEID, 2002, cap. III)
5. VIRTUDES CARDEAIS E VIRTUDES TEOLOGAIS
Desde a Antiguidade até os nossos dias, as virtudes foram classificadas em Cardeais e Teologais. As Cardeais são adquiridas pelo esforço; as Teologais como um Dom de Deus.
5.1. VIRTUDES CARDEAIS
As virtudes cardeais são aquelas virtudes essenciais na qual todas as outras decorrem. São em número de quatro: prudência, fortaleza, temperança e justiça. Funciona como uma dobradiça, pois todas as outras devem girar ao redor destas. Isto decorre da etimologia da palavra cardeal (cardo = gonzo = dobradiça).
Prudência - É aquela virtude que permite ao entendimento reflexionar sobre os meios conducentes a um fim racional.
Fortaleza ou valentia - Consiste na disposição para, em conformidade com a razão, isto é, em atenção a bens mais elevados, arrostar perigos, suportar males e não retroceder, nem mesmo ante a morte. A paciência, por exemplo, é uma virtude subordinada à fortaleza, e consiste na capacidade constante de suportar adversidades.
Temperança - Consiste em aperfeiçoar constantemente a potência sensitiva, de modo a conter o prazer sensual dentro dos limites estabelecidos pela sã razão. Assim, a moderação é a temperança no comer, a sobriedade no beber, a castidade no prazer sexual. São aparentados com a temperança: a negação ou domínio de si mesmo, isto é, a vontade de não se deixar desviar do bem, nem sequer pelas mais violentas excitações do desejo.
Justiça - Consiste ela na atribuição, na equidade, no considerar e respeitar o direito e valor que são devidos a alguém, ou a alguma coisa. (Santos, 1965)
5.2. VIRTUDES TEOLOGAIS
Na Ética religiosa a Fé, a Esperança e a Caridade são chamadas teologais, porque não são elas produtos de um hábito, pois o homem não as adquire através de seu próprio esforço.
A Fé é o assentimento do intelecto que crê, com constância e certeza, em alguma coisa. A prudência, a fortaleza, a justiça e a moderação podem ser adquiridas. Ninguém gesta dentro de si a Fé; ou a tem, ou não.
A Esperança é a expectação de algo de superior e perfeito. A Esperança não é o produto de nossa vontade, mas de uma espontaneidade, cujas raízes nos escapam, porque não é ela genuinamente uma manifestação do homem, mas algo que se manifesta pelo homem, porque não encontramos na estrutura de nossa vida biológica, nem da nossa vida intelectual, uma razão que a explique.
A Caridade é a mãe de todas as virtudes como dizem os antigos, e diziam-no com razão: é a raiz de todas as virtudes, porque ela é a bondade suprema para consigo mesmo, para com os outros, para com o Ser Infinito. A caridade, assim, supera a nossa natureza, porque, graças a ela, o homem avança além de si mesmo, além das suas exigências biológicas.
Não são o produto de uma prática, porque pode o homem praticar a caridade sem tê-la no coração; pode o homem exibir uma crença firme, sem alentá-la em seu âmago; pode o homem tentar revelar aos outros que é animado pela esperança, sem ressoar ela em sua consciência. (Santos, 1965)
6. VIRTUDES E VÍCIOS
6.1. OS VÍCIOS MAIS COMUNS
Ao longo do tempo adquirimos uma série de hábitos negativos. Alguns deles são visíveis como o fumo e o álcool; outros, nem tanto. É que costumamos disfarçá-los ao máximo, para que não se tornem muito evidentes. Nesse sentido, à gula damos o nome de necessidade proteínica; à lascívia chamamos necessidade fisiológica; a ira é embelezada com a expressão paradoxal: “cólera sagrada”; a cobiça é encoberta com a desculpa da previdência; a preguiça disfarçamos com a necessidade de repouso, quando não com a esperteza que faz os outros produzirem por nós.
6.2. VIRTUDES E VÍCIOS NA VISÃO DO ESPIRITISMO
Allan Kardec, nas perguntas 893 e 913 de O Livro dos Espíritos , esclarece-nos este assunto com muita propriedade.
893. Qual a mais meritória de todas as virtudes?
— Todas as virtudes têm seu mérito, porque todas são indícios de progresso no caminho do bem. Há virtude sempre que há resistência voluntária ao arrastamento das tendências; mas a sublimidade da virtude consiste no sacrifício do interesse pessoal para o bem do próximo, sem segunda intenção. A mais meritória é aquela que se baseia na caridade mais desinteressada.
913. Entre os vícios, qual o que podemos considerar mais radical?
Já o dissemos muitas vezes; o egoísmo. Dele deriva todo do mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos existe o egoísmo. Por mais que luteis contra eles não chegareis a extirpá-los enquanto não os atacardes pela raiz, enquanto não lhes houverdes destruído a causa. Que todos os vossos esforços tendam para esse fim, porque nele se encontra a verdadeira chaga da sociedade.
7. CONCLUSÃO
O movimentar-se diário produz hábitos. Os hábitos maus enraízam de tal sorte em nosso psiquismo que se tornam extremamente difíceis de serem eliminados. Em se tratando do esforço para extingui-lo, parece-nos que cometemos um erro que já se tornou secular, ou seja, combater a causa pelo efeito. Somente quando tomamos consciência do móvel que produz a ação é que podemos ter segurança na eliminação do efeito. Na realidade, não somos nós que deixamos os vícios; são eles que desprovidos da nossa atração, deixam-nos.
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ÁVILA, F. B. de S.J. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo. Rio de Janeiro, M.E.C., 1967.
FOLSCHEID, Dominique e WUNENBURGER, Jean-Jacques. Metodologia Filosófica. Tradução de Paulo Neves. 2. ed., São Paulo: Martins Fontes, 2002. (Ferramentas)
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995.
SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed., São Paulo, Matese, 1965.
XAVIER, F. C. O Consolador, pelo Espírito Emmanuel. 7. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Ganha força, na Maçonaria, um movimento de mobilização nacional em defesa da cidadania, e acima de tudo da democracia, atacando o governo do crime organizado que promove a corrupção nos três poderes. Circula na Internet, vazada do fechado meio maçônico, datado de 12 de julho, um manifesto assinado por Wilson Filomeno, Ex-Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica de Santa Catarina e atual Secretário Geral da Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil, cobrando uma ação efetiva daqueles “poucos que ainda não se corromperam no poder, e possam contribuir para a normalização da ordem nacional”.
O autor do manifesto foi direto: “Tenho certeza, é o momento histórico para propormos o saneamento da vida pública, através de ampla reforma que afaste do poder aqueles que não sabem honrar a confiança que lhes fora outorgada”. Em outro trecho, o manifesto constata: “O que estamos testemunhando, no presente momento, em todas as esferas da administração pública da Nação brasileira, chega a ser repudiante, e até inacreditável, em face da imobilidade do seu povo, os homens públicos, com raras exceções, comentem as mais descabidos e vergonhosos atos na condução dos interesses nacionais”.
O documento faz um ataque direto ao atual desgoverno: “Os ´Sarneys, os Renans Calheiros´, como peças chaves do Presidente Lula, que deveriam guardar um comportamento ilibado, tendo por fundo a honestidade, são acobertados e protegidos por aquele mesmo Presidente, que não tem demonstrado nenhum interesse que a decência, na esfera pública, seja restabelecida, desde que seja resguardada a candidatura da Senhora Dilma à Presidência da República. E esta, candidata declarada, tem se prestado a levar, às escondidas, e veladamente ao Presidente Lula, para que tudo seja mantido como está, até sua chegada ao poder, notícia vinculada nos jornais nacionais”.
O manifesto da Maçonaria faz uma constatação lamentável: “A falta de uma liderança, que possa empunhar uma bandeira capaz de resgatar a dignidade desse povo, aumenta seu sofrimento e desencoraja-os a tomada de atitudes que manifestem publicamente seu repúdio, sua indignação, frente aos mesquinhos atos que continuam acontecendo, em razão da inércia e da conivência da parte daqueles que poderiam, como nossos porta-vozes, fazer chegar aos mais elevados escalões, dos poucos que ainda guardam o comportamento de verdadeiros patriotas, um pedido de justiça, um grito de socorro”.
O texto lembra que os maçons juram “combater os inimigos da humanidade e da Pátria – como sejam: os hipócritas que a enganam; os pérfidos que a defraudam; os ambiciosos que usurpam e os corruptos, e sem princípios, que abusam da confiança dos povos”. E faz uma autocrítica do atual papel da Maçonaria: “Somos na verdade falsos heróis, o povo brasileiro triste, desencantado e sem esperanças, acomoda-se e assiste, passivamente o violentar da nossa Constituição por homens que receberam nosso voto e juraram defendê-la em prol da felicidade desse povo. E hoje, travestidos em verdadeiros delinqüentes corruptos, despidos de qualquer comportamento ético, aproveitam-se dos cargos para locupletar-se às custas do erário público”.
Apesar da autocrítica, o texto de Wilson Filomeno faz uma convocação otimista aos membros de mais de 5000 Lojas Maçônicas ligadas à Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil: “É preciso que o povo sinta que nem tudo está perdido, pois a Maçonaria, mais uma vez, se dispõe a colocar-se ao lado dos verdadeiros brasileiros que clamam pelo expurgo definitivo da podridão que medra o seio político, extirpando os desonestos, os falsos líderes que tudo tem feito para perpetuar-se no poder, à base da hipocrisia”.
O autor do manifesto foi direto: “Tenho certeza, é o momento histórico para propormos o saneamento da vida pública, através de ampla reforma que afaste do poder aqueles que não sabem honrar a confiança que lhes fora outorgada”. Em outro trecho, o manifesto constata: “O que estamos testemunhando, no presente momento, em todas as esferas da administração pública da Nação brasileira, chega a ser repudiante, e até inacreditável, em face da imobilidade do seu povo, os homens públicos, com raras exceções, comentem as mais descabidos e vergonhosos atos na condução dos interesses nacionais”.
O documento faz um ataque direto ao atual desgoverno: “Os ´Sarneys, os Renans Calheiros´, como peças chaves do Presidente Lula, que deveriam guardar um comportamento ilibado, tendo por fundo a honestidade, são acobertados e protegidos por aquele mesmo Presidente, que não tem demonstrado nenhum interesse que a decência, na esfera pública, seja restabelecida, desde que seja resguardada a candidatura da Senhora Dilma à Presidência da República. E esta, candidata declarada, tem se prestado a levar, às escondidas, e veladamente ao Presidente Lula, para que tudo seja mantido como está, até sua chegada ao poder, notícia vinculada nos jornais nacionais”.
O manifesto da Maçonaria faz uma constatação lamentável: “A falta de uma liderança, que possa empunhar uma bandeira capaz de resgatar a dignidade desse povo, aumenta seu sofrimento e desencoraja-os a tomada de atitudes que manifestem publicamente seu repúdio, sua indignação, frente aos mesquinhos atos que continuam acontecendo, em razão da inércia e da conivência da parte daqueles que poderiam, como nossos porta-vozes, fazer chegar aos mais elevados escalões, dos poucos que ainda guardam o comportamento de verdadeiros patriotas, um pedido de justiça, um grito de socorro”.
O texto lembra que os maçons juram “combater os inimigos da humanidade e da Pátria – como sejam: os hipócritas que a enganam; os pérfidos que a defraudam; os ambiciosos que usurpam e os corruptos, e sem princípios, que abusam da confiança dos povos”. E faz uma autocrítica do atual papel da Maçonaria: “Somos na verdade falsos heróis, o povo brasileiro triste, desencantado e sem esperanças, acomoda-se e assiste, passivamente o violentar da nossa Constituição por homens que receberam nosso voto e juraram defendê-la em prol da felicidade desse povo. E hoje, travestidos em verdadeiros delinqüentes corruptos, despidos de qualquer comportamento ético, aproveitam-se dos cargos para locupletar-se às custas do erário público”.
Apesar da autocrítica, o texto de Wilson Filomeno faz uma convocação otimista aos membros de mais de 5000 Lojas Maçônicas ligadas à Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil: “É preciso que o povo sinta que nem tudo está perdido, pois a Maçonaria, mais uma vez, se dispõe a colocar-se ao lado dos verdadeiros brasileiros que clamam pelo expurgo definitivo da podridão que medra o seio político, extirpando os desonestos, os falsos líderes que tudo tem feito para perpetuar-se no poder, à base da hipocrisia”.
MANIFESTO DA MAÇONARIA DE SÃO PAULO!
Os Grãos Mestres do GOSP – Grande Oriente de São Paulo, Eminente BENEDITO MARQUES BALLOUK FILHO, da GLESP – Grandes Lojas do Estado de São Paulo, Sereníssimo FRANCISCO GOMES DA SILVA e do GOP – Grande Oriente Paulista, Sereníssimo JOSÉ MARIA DIAS NETO, por ocasião da data comemorativa, expressam o que segue:
Os Grãos Mestres do GOSP – Grande Oriente de São Paulo, Eminente BENEDITO MARQUES BALLOUK FILHO, da GLESP – Grandes Lojas do Estado de São Paulo, Sereníssimo FRANCISCO GOMES DA SILVA e do GOP – Grande Oriente Paulista, Sereníssimo JOSÉ MARIA DIAS NETO, por ocasião da data comemorativa, expressam o que segue:
A Maçonaria paulista é solidária à veemente demanda cívica por dignidade na política, manifestada pela sociedade nas pesquisas e por crescentes setores da imprensa. A crise da falta de compostura, de ética e de patriotismo no exercício do Poder eclode dia-a-dia a cada novo escândalo que a classe política produz com surpreendente desfaçatez e prodigalidade.
Estudos Maçônicos, baseados em pesquisas de opinião, revelam que a sociedade paulista apenas aguarda que a oportunidade de mudança se apresente para depor e condenar ao exílio cívico os falsos “líderes políticos”, que há tempos contaminaram nossas Instituições e subjugaram à Pátria e à família brasileira a uma espiral sem fim de cinismo, corrupção e despudor.
Hoje, as Obediências Maçônicas signatárias deste Manifesto sabem seguramente que a sociedade:
1. Tem plena consciência e convicção de que a corrupção é o mal que mais prejudica o País;
2. Tem uma percepção de impunidade que levou descrédito à Justiça: Para cada paulista que confia nela há outro que não confia;
3. Desconfia da classe política: para cada cidadão que confia sempre, há outros que não confiam nunca;
4. A onda de denúncias e escândalos sucessivos geraram percepção de vácuo moral e de justiça, que ampliam o desânimo e as sensações de inevitabilidade, desamparo, impotência e de irrelevância cívica. Resultado: A maior consciência social, ao invés de fortalecer o senso de cidadania, gera alienação e repulsa;
5. Apesar de não crer em alguns políticos, mantém a fé na existência de homens honestos e esperança num futuro mais digno.
Causa perplexidade e indignação, o cinismo e despudorada falta de transparência e senso crítico da classe política, das legendas partidárias e de autoridades na violação da Lei e do devido respeito aos seus representados.
Ao ouvir o clamor das suas Lojas e da sociedade diante da infindável sucessão de escândalos que insultam a consciência civil, drenam o erário público e o orçamento das famílias, a Maçonaria paulista reitera o seu compromisso, expresso em 2007 e em 2008, em prol do resgate da Dignidade no exercício do Poder.
Em respeito à tradição secular e histórica da Instituição desde 1717, e ao seu protagonismo em prol de movimentos e das mais legítimas demandas cívicas da sociedade, como a Independência, Abolição da Escravatura e Proclamação da República, a Maçonaria declara que a causa do Combate à Corrupção e Resgate da Dignidade no exercício do Poder, tem a mesma relevância e urgência social que todas as lutas cívicas pela Liberdade, Justiça e Direitos Civis.
Em nome dos Maçons e da sociedade paulista, a Maçonaria Unida por São Paulo declara guerra à corrupção, à cumplicidade, à conivência, à impunidade, à complacência e à ignorância, que acoberta os canalhas e corruptos que manifestam seu escárnio ao estado de direito e à sociedade brasileira, na sucessão de escândalos prodigalizados pelos parlamentos e governos por todo o Brasil, de pleno e triste conhecimento da nação Brasileira.
O DIAGNÓSTICO E A ESTRATÉGIA:
Dados os alienantes e pífios resultados práticos da estratégia social da simples exposição dos corruptos à mídia (de fora para dentro), defendemos que só há um único meio de descontaminar o sistema adoecido, expurgando os parasitas que se incrustaram no organismo político e administrativo do País: seguir o exemplo que a Natureza nos ensinou para curar um organismo humano doente: Sem pajelanças, berros, nem esperneio, o remédio tem que ser injetado no corpo contagiado para fazer pleno efeito e debelar a doença, de dentro para fora.
A cura para o mal da corrupção está em usar as regras do sistema democrático para, dentro da legalidade e pacificamente, injetar cidadãos de bem no sistema contaminado, desalojando e tomando espaços hoje ocupados por corruptos. Sob o ponto de vista Maçônico, o problema da corrupção não está nas instituições nem no sistema democrático e sim na falta de caráter dos homens, hoje, que os dominam.
TENDO EM VISTA OS FATOS RELACIONADOS, A MAÇONARIA UNIDA POR SÃO PAULO INFORMA À SOCIEDADE PAULISTA QUE:
Já tomou providências e que vários programas e iniciativas já estão em curso, para honrar o compromisso assumido com o povo paulista em 2007 e 2008. E decidiu colocar à disposição da sociedade paulista e da causa nobre do com bate à corrupção suas 1760 Lojas e a colaboração dos seus 54.000 obreiros e líderes espalhados por todo o Estado.
Constitui uma Frente Cívica, batizada Movimento de Dignidade e Inserção Social, e convida os setores organizados da sociedade, cidadãos conscientes e líderes que ainda não perderam a capacidade da indignação, para compor, sob a égide da Maçonaria Unida por São Paulo um Movimento suprapartidário de combate à corrupção. O MOVIMENTO buscará promover a revolução de costumes, a renovação dos quadros políticos e a reforma política aspirada pela sociedade, pela via pacífica e sob o manto da legalidade.
Os objetivos permanentes das Obediências Maçônicas signatárias deste Manifesto são os de promover a inserção social, semear e propagar consciência cívica e organizar o potencial físico, logístico e intelectual dos quadros das instituições e dos cidadãos de bem dispostos a firmar compromisso com a ética e com as entidades representativas da sociedade agrupadas neste Movimento Cívico, integrando sua rede de informações, inaugurando sua ouvidoria social e apoiando estes cidadãos na sua disputa pelo poder contra os corruptos.
Como os Partidos Políticos perderam a credibilidade e, com ela, o poder de conferir aval moral a seus candidatos, o MOVIMENTO preencherá esta lacuna vital, sinalizando, independente da legenda onde estejam, quais são os patriotas com fichas limpas, passado digno e o merecido respaldo social e moral do Movimento.
As Obediências Maçônicas signatárias deste Manifesto entendem pela onvergência em torno dos seguintes pontos cardeais:
* Por si só, a publicidade conferida a escândalos leva desesperança e alienação à sociedade e não contribui, em curto prazo, para o fim da impunidade;
* Os atuais partidos impedem as mudanças e renovação que a Nação aspira. É preciso mudar leis que regulam responsabilidades e o regimento interno dos partidos. A indignidade deriva de vícios no sistema, mau caráter de candidatos, cumplicidade, irresponsabilidade e impunidade dos partidos pelos atos da canalha que eles têm a coragem e desfaçatez de infiltrar e manter na vida pública, mesmo a contragosto da sociedade.
* Corrupção e impunidade permeiam o sistema e estrutura partidária. O foco do MOVIMENTO deve ser suprapartidário.
* Se a sociedade não intervier, os “reformadores” serão os corruptos que aí estão e a reforma política ampliará facilidades, privilégios espúrios, impunidade e o avanço deles sobre novos espaços no Poder.
* Não existe cidadania sem Justiça e justiça demorada é ausência de justiça.
É preciso reformar o Código Penal e Civil, eliminando a ausência de justiça (impunidade). Justiça que tarda, mas não falha, só a Divina.
As Obediências Maçônicas signatárias deste Manifesto reafirmam sua tradição, universal e histórica, de emprestar apoio aos direitos, aspirações e movimentos legítimos da sociedade.
As Obediências Maçônicas signatárias deste Manifesto reafirmam sua tradição, universal e histórica, de emprestar apoio aos direitos, aspirações e movimentos legítimos da sociedade.
Reafirmam também o compromisso público assumido em 2007 e 2008, de oferecer combate à corrupção e a sua fidelidade aos princípios cívicos, como a ética, lealdade à sociedade e franca disposição de seguir na luta pelo resgate da dignidade no exercício do Poder.
Sob a égide do lema Universal “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, pedem aos Maçons e brasileiros em acordo com nossa postura que venham a acessar o presente manifesto, que o divulguem por todos os meios ao seu alcance e expressem, com toda a veemência, o clamor que é comum dos Obreiros Maçons e de todos os cidadãos de bem: Fora corruptos! Dignidade Já!
BENEDITO MARQUES BALLOUK FILHO
Grão Mestre Estadual do GOSP– Grande Oriente de São Paulo
FRANCISCO GOMES DA SILVA
Grão Mestre da GLESP– Grandes Lojas Maçônicas do Estado de São Paulo
JOSÉ MARIA DIAS NETO
Grão Mestre do GOP– Grande Oriente Paulista
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